Entenda como é possível fazer mais, usando menos, com vantagens econômicas e ambientais

Seja através de ônibus, trens ou metrôs, quase todas as pessoas utilizam ou já utilizaram transporte coletivo. Você já se perguntou quanta energia é gasta por esse tipo de serviço? Dados apontam que os sistemas de transportes urbanos estão atuando em seus limites de capacidade. E um primeiro passo para uma mudança desse cenário talvez seja começar pelos transportes que atendem a um maior número de cidadãos. Nesse contexto, a eficiência energética (EE) é uma forma sustentável e moderna de gerenciar e restringir o consumo de energia de maneira inteligente.

Partindo da eficiência energética, é possível proporcionar o mesmo nível de mobilidade nas cidades, mesmo com a redução do consumo energético. Ou seja: na medida em que há um aumento da EE, a tendência é que haja uma redução proporcional no consumo energético.

Portanto, o conjunto de práticas que constituem a eficiência energética não só contribui para a economia nas tarifas, mas também é fundamental para minimizar os danos ambientais provocados pela utilização dos recursos naturais.

Indicativos do Caderno Técnico de Referência em Eficiência Energética na Mobilidade Urbana demonstram que mais de 60% de todo o petróleo consumido no mundo são direcionados para o setor de transporte, sendo aproximadamente 76% para o modo rodoviário. Além disso, cerca de 15% do total da energia em todo mundo se destina ao transporte urbano de passageiros e de carga.

Mas cabe salientar que esses dados não correspondem necessariamente à realidade atual. O Caderno, desenvolvido em uma parceria entre o governo brasileiro e o governo alemão, é datado em 2015. As informações, claro, nos dão uma dimensão do tamanho do potencial de consumo energético, mas a população mundial e, consequentemente, o consumo, seguem crescendo a passos largos.

Em países em desenvolvimento, como é o caso do Brasil, dados como esses apontam ainda mais urgência, com o crescimento tanto da população como das indústrias. Além disso, a fase desenvolvimentista é ideal para a implementação de práticas que ajudam a nação a ter um crescimento mais harmonioso e organizado.

Ao abordar o tema de forma ainda mais ampla, é fundamental ressaltar que a busca pela sustentabilidade vai além das indústrias e está cada vez mais atrelada a todos os setores da sociedade — transportes, construções e comunidades. Nessa realidade, a eficiência energética é fator crucial para o alcance de práticas sustentáveis. Mas para conquistar o cenário ideal, é preciso que o setor responsável tenha planejamento, organização e o apoio de especialistas no assunto.

Neste artigo, você conhecerá formas de incorporar a EE na mobilidade urbana — com foco nos transportes coletivos. Além disso, será possível entender mais sobre as medidas de eficiência energética.

Eficiência energética na mobilidade urbana

Só pela introdução, você já deve ter percebido que a Eficiência Energética na Mobilidade Urbana (EEMU) está diretamente relacionada à redução do consumo, com o mantimento do mesmo nível de mobilidade nas cidades. Grosso modo, a prática defende que é possível fazer mais com menos.

Esse modelo, na prática, funciona considerando o transporte de passageiros e de carga. Conforme informações do caderno técnico oficial sobre o assunto elaborado pelo governo brasileiro, a EEMU nada mais é que o resultado entre “a estimativa do momento de transporte (t.km ou p.km) e demanda total de energia (em unidades como Joule [J], Watt [W] ou tonelada equivalente de petróleo [tep]), sendo o momento de transporte o produto das massas (ou volumes) transportadas pela distância média de transporte”, aponta a publicação.

O estudo ainda descreve que, “no caso de transporte de passageiros, a unidade adotada para o momento de transportes é passageiro.quilômetro (p.km), enquanto que a unidade para o transporte de carga é tonelada.quilômetro (t.km ou tku)”.

Para extrair essas informações, é necessária uma equipe especializada, que também avalia as medidas utilizadas e o consumo de energia — considerando indicativos como quilometragem, número de passageiros, carga, entre outros. Também é preciso contar com tecnologias necessárias para facilitar as medições, assim como auxiliar no processo de implementação da eficiência energética.

Panorama energético dos transportes brasileiros

A demanda vai crescer. Por isso, é preciso administrá-la de maneira assertiva e sustentável. É o que revelam os estudos do Plano Decenal de Expansão de Energia 2031, divulgado em 2022 e elaborado pelo Ministério de Minas e Energia.

Ainda de acordo com o estudo governamental, “o setor de transportes foi um dos segmentos mais afetados pela pandemia de Covid-19. Estima-se que seus efeitos devam perdurar por alguns anos, o que se reflete em uma projeção de crescimento da demanda energética do setor de 2,5%, entre 2021 e 2031”, descreve o texto.

Já se tratando do transporte coletivo de passageiros, o mesmo levantamento do governo também sinaliza que, entre 2021 e 2031, a expectativa é de que a demanda elétrica e a atividade total devam aumentar cerca de 2,9% e 5,4% ao ano, respectivamente.

Com esse crescimento exponencial, a eficiência energética se faz cada vez mais urgente no cenário contemporâneo.

Para enfatizar essas afirmações, é preciso refletir sobre o consumo de energia da atualidade. Nesse contexto, um levantamento recente feito pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE) demonstra uma situação preocupante: no Brasil, aproximadamente 80% da energia utilizada nos transportes é de origem não renovável. Já conforme o Instituto de Energia e Meio Ambiente (Iema), atualmente os sistemas de transportes são responsáveis por 54% do consumo de combustíveis fósseis no país, além de estarem diretamente associados à poluição do ar nas grandes cidades.

Nessa linha, fica ainda mais claro que a EEMU é a alternativa ideal para lidar com uma demanda tão expressiva. Ou seja, a transição energética em automóveis, ônibus e caminhões é considerada como necessária por vários setores da sociedade.

As vantagens da EEMU

Economia sustentável é uma expressão que está em alta nos últimos anos, com os fenômenos ambientais ganhando espaço significativo na mídia. Na crista dessa onda, surfam lideranças governamentais e empresas que têm demonstrado cada vez mais preocupações em garantir benefícios, poupando os estragos no meio ambiente. O principal deles é através da redução de gases do efeito estufa.

Uma solução perfeita para aliar benefícios econômicos e ambientais? A EEMU é o exemplo certo. Isso porque a eficiência energética na mobilidade urbana contribui intensivamente para encarar, pelo mesmo prisma, as questões sociais, ecológicas e econômicas.

Um exemplo dos benefícios econômicos resultantes da EEMU na gestão da mobilidade urbana está relacionado à redução das despesas com energia elétrica e, consequentemente, dos gastos públicos.

Outro ponto crucial é o estímulo ao uso do transporte coletivo — mas para isso, é preciso que esse serviço seja de qualidade. Por exemplo, ao escolher se locomover em um carro, um cidadão precisa utilizar combustível que precisou ser extraído, tratado, transportado e comercializado — um longo processo que tem alto custo. Ao aderir a um meio alternativo de transporte — como o coletivo, por exemplo —, muitos cidadãos reduzem a quantidade de combustível, o que gera uma série de reduções — de preços, de uso energético e até de recursos naturais. Mas, para isso, além de uma série de campanhas educacionais para a população, é preciso promover diversas mudanças no sistema de transportes. Um caminho para isso é reduzir a dependência do setor rodoviário e fazer maior uso de dutos e ferrovias.

Nesse ritmo, vale reforçar ainda que melhorar a eficiência energética significa reduzir a necessidade de geração de mais energia, o que acaba adiando a necessidade de construção de novas usinas.

Para complementar, as medidas de eficiência em equipamentos industriais são capazes de reduzir ainda mais as emissões de gases prejudiciais ao ambiente, além de proporcionar um processo menos custoso. Essa é mais uma prova de que a eficiência energética torna possível ter grandes ganhos financeiros e de sustentabilidade — ao mesmo tempo. E tem mais: esse processo ainda pode estimular a economia local.

Recuperação verde

O conceito de recuperação verde tem relação direta com a chamada “economia verde” — modelo definido pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente. Essa forma de pensar o sistema é baseada em três grandes pilares: baixa emissão de carbono; eficiência no uso de recursos naturais e busca pela inclusão social — o que pode ser diretamente relacionado com a geração de empregos, implementação de novos padrões de consumo, uso de energia e de tecnologias limpas, assim como a proteção da biodiversidade.

Olhando por essa ótica, a eficiência energética aparece como uma das alternativas que se enquadram nas ideias de recuperação verde, com a sustentabilidade e a economia caminhando para salvar o planeta.

Tecnologias que contribuem para a eficiência energética nos transportes

Tecnologia é o futuro. As soluções tecnológicas ajudam a transformar metas em resultados. E, nesse contexto, atualmente há uma alta na demanda pelo desenvolvimento de tecnologias que aumentam a eficiência energética nos transportes.

Recentemente, houve um aumento de 8% da demanda por energia no setor de transportes em países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).

Entre 2000 e 2016, houve um aumento de 8% da demanda por energia no setor de transportes em países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). Esse aumento, ainda conforme a organização, chegou a 180% no Brasil, onde consumo energético por passageiros mais que triplicou.

De acordo com o estudo, a justificativa está na redução do número de passageiros por carro e no aumento proporcional de veículos próprios, assim como em uma mudança entre modos de transporte, com a priorização de automóveis e veículos individuais em detrimento dos transportes coletivos.

Mecanismos de fomento à eficiência energética nos transportes

Um dos caminhos que vão em direção à eficiência energética consiste na utilização de tecnologias e sistemas otimizados que consomem menos energia. Entre essas alternativas estão:

  • cidades inteligentes e veículos inovadores;
  • investimentos em transportes ferroviários;
  • otimização dos veículos.

Veja a seguir como cada uma dessas alternativas pode ser benéfica para a EEMU.

Carros elétricos em cidades inteligentes

Eles são o futuro da mobilidade. É isso mesmo. Apesar de os carros elétricos serem menos poluentes e muito mais baratos para abastecer, os modelos ainda não são vistos com tanta frequência. E apesar do nome, esses veículos são excelentes para a eficiência energética, pois o consumo de energia que eles geram é muito menor que o necessário para a produção de uma quantidade de combustível necessária para abastecer o tanque de um carro comum.

Os carregadores desses carros podem chamar a atenção, pois ainda não há uma ampla rede de abastecimento público para quem opta pelos automóveis movidos a carga eletrificada. No entanto, não é raro encontrar esse tipo de carro circulando pelas cidades inteligentes — as Smart Cities.

Em algumas dessas cidades inovadoras, uma novidade é o uso dos Sistemas de Transporte InteligenteIntelligent Transportation Systems (ITS), que traduzem a mobilidade urbana do futuro. Exemplo é Turim: cidade italiana que tem, desde outubro de 2022, uma frota de ônibus com condução autônoma para o transporte público. Nessa alternativa futurista, os micro-ônibus inteligentes dirigem sozinhos, sem necessidade de um motorista — mas com um operador a bordo, que se move no trânsito urbano, percebendo qualquer tipo de obstáculo, dos carros aos pedestres. E tem mais: os veículos são 100% elétricos.

No Brasil, a melhoria no transporte coletivo é mais sutil: com instalação de GPS nos ônibus da maioria dos municípios — o que ajuda na diminuição da duração da rota.

E quem disse que mobilidade inteligente não é uma mobilidade no Brasil? Você sabia que um trem da CPTM de São Paulo (ANPTrilhos) conta com uma operação sem motorista e com portas automatizadas de plataforma para permitir o acesso dos passageiros? É isso mesmo. E para somar, ele também utiliza um sistema de videomonitoramento a bordo, trackside e OCC em tempo real, de acordo com normas, requisitos legais e análise de RAMS profunda. Durante o desenvolvimento do sistema, foram identificadas tecnologias, definidos padrões e protocolos, assim como um roteiro que sugeriu os mais adequados procedimentos.

No caso da ANPTrilhos, a CelPlan foi a grande parceira para projetar todo o processo de viabilidade do moderno sistema de operação.

Também cabe destacar que entre os aspectos para a melhoria da mobilidade que pode ser encontrado nas cidades inteligentes está o uso de plataformas digitais e de sistemas de compartilhamentos de informação.

Parece complicado, mas não é. Aqui vai um exemplo: esses recursos podem possibilitar que as pessoas solicitem e recebam um carro autônomo ou de terceiros de forma tão rápida quanto enviar uma mensagem de texto, com a diminuição cada vez maior do tempo entre a solicitação e a chegada do veículo. Tudo isso, com o uso de um aplicativo. Essa possibilidade permite que os cidadãos consigam escolher formas alternativas de transporte com muito mais agilidade e conectividade.

Investimentos em transportes ferroviários

Para ter um retorno, é preciso investir. Assim como no caso do trem da CPTM de São Paulo (ANPTrilhos), a tecnologia é um investimento que traz grandes retornos em termos econômicos no transporte ferroviário — que pode servir como mais um exemplo de alternativa para o transporte coletivo de qualidade.

Um artigo publicado pela SAE Brasil revela que a tecnologia é ponto fundamental para o aumento da eficiência elétrica nos trens, locomotivas e metrôs. Com recursos tecnológicos, é possível empregar questões computacionais dentro da operação rotineira do trem.

Exemplo disso é um sistema que monitora parâmetros críticos da locomotiva enquanto ela está parada, desligando o motor a diesel e religando automaticamente quando necessário. Há também um sistema inovador que otimiza o ponto de aceleração quando há duas locomotivas acopladas, além de gerenciar a liberação de combustível conforme a necessidade.

Tem também o piloto automático, recurso que vem sendo implantado nas ferrovias ao longo dos últimos anos.

Todas essas medidas contribuem para a redução de consumo de combustível, ao mesmo tempo em que não geram quaisquer impactos nas operações.

Carros convencionais menos poluentes

Para além dos carros elétricos, muitas empresas estão pesquisando, desenvolvendo e produzindo alternativas de veículos que emitam poluentes ao nível que quase se iguala a zero. Essa é uma realidade muito próxima de estar disponível nas ruas de diversos países. Isso só é possível com os avanços científicos e, consequentemente, tecnológicos.

Alternativas e exemplos para aumentar a eficiência energética nos transportes públicos

Se os exemplos de sistemas inteligentes e de carros elétricos parecem muito distantes, podemos pensar em alternativas alcançáveis para a nossa realidade atual. Então, vamos abordar exemplos ambientados no Brasil.

É para isso que serve o Caderno Técnico de Referência em Eficiência Energética na Mobilidade Urbana, desenvolvido através da parceria da Secretaria Nacional de Transporte e da Mobilidade Urbana, com a Agência Alemã de Cooperação Internacional (GIZ) e o Instituto de Políticas de Transporte e Desenvolvimento (ITDP).

E não é que deu resultado? Em 2017, as cidades de Sorocaba e Uberlândia (ambas de São Paulo) iniciaram projetos de Eficiência Energética na Mobilidade Urbana baseados nas prerrogativas da parceria internacional. A iniciativa conta com apoio do governo da Alemanha.

Para o desenvolvimento do projeto, as cidades contaram com consultores internacionais para mapear estratégias de implantação de uma ação nesses municípios. Com o conhecimento obtido, foram adotadas medidas para o gerenciamento dos estacionamentos, melhorias e incentivo ao uso do transporte público, melhorias em calçadas, incentivo ao uso de transporte não motorizado, entre outros.

Soluções para viabilizar projetos de eficiência energética

Com os veículos automotores elétricos se tornando uma realidade cada vez mais próxima da rotina nas grandes cidades brasileiras, o sistema de redes de eletricidade (conhecido como grid) atual está entrando em uma nova fase: um acelerado processo de crescimento e transformação.

Nesse cenário, as empresas públicas de eletricidade têm de enfrentar desafios cada vez maiores para expandir suas capacidades, assim como atualizar suas redes de comunicação interna.

Para colaborar com esse processo, a CelPlan realiza uma extensa análise de ponta a ponta dos sistemas das grandes empresas — públicas ou privadas de energia. Além disso, a CelPlan investe em pesquisa e desenvolvimento (P&D), assim como promove ativamente práticas de engenharia adequadas nos seguintes campos de atuação:

  • projeto, análise e otimização de instalações elétricas;
  • projeto, análise e otimização de instalações de comunicação;
  • rede inteligente (smart grid);
  • medição inteligente (smart metering);
  • geração distribuída;
  • implantação turnkey de telecomunicações para utilities;
  • redes de geração, transmissão e distribuição de energia;
  • automação de redes;
  • redução de perdas não comerciais;
  • infraestrutura avançada de medição (AMI);
  • design e otimização da grade de distribuição (em parceria com a Sinapsis);
  • soluções self-healing;
  • melhoria dos parâmetros de desempenho (SAIDI, SAIFI, ASAI, entre outros);
  • sistemas avançados de gerenciamento de distribuição (ADMS);
  • sensores inteligentes (em parceria com Tecsys);
  • veículos elétricos;
  • planejamento de investimento em telecomunicações a longo prazo;
  • recomendações de tecnologia;
  • planejamento do espectro.

 

Há 30 anos, a CelPlan desenvolve projetos inovadores de tecnologia e comunicação. Com isso, a empresa possui uma vasta experiência no setor, o que hoje reflete em um portfólio com o que há de mais futurista em transmissão de dados wireless.

Além disso, sempre buscando inovação em soluções modernas e em prol da sustentabilidade, a CelPlan se insere no cenário da eficiência energética ao elaborar sistemas e conectividades, com projetos sempre pautados no conceito de cidades inteligentes. Essas realizações ajudam a consumir menos energia e aumentam a eficiência energética dos transportes.

Acesse outras áreas do nosso site e confira os diversos projetos e serviços que nós realizamos.

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